O Autor:
Avatar dinâmico em testes

Nome: Francis Karsaeras
Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, BR
Idade: 25 Anos
Características: Inexplicavelmente, passa sufoco quando chove e em testes psicotécnicos, sem causa aparente.
Signo: Gêmeos, mas faz diferença?
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Expandir || Contrair

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quinta-feira, janeiro 04, 2007

Piratas - Capítulo 001 - Introdução

“E o Rio das Desilusões eu vou subindo,
Como é grande aquele rio,
Subo porque meu coração
não sabe o que é o perigo.
Viu só meu caro amigo
é desse jeito que venço qualquer inimigo...”

Sob a melodia desse pequeno trecho, um garoto aparentemente cinco anos a cantava com animação enquanto perseguia uma caravela feita em madeira a qual descia veloz rente ao meio fio de uma rua paralela a principal no Balneário onde vivia. O pequeno objeto era perfeito nos mínimos detalhes, tendo a vela inflada bem como a correnteza da água as forças motrizes de seu movimento.

“... minha mente é forte,
as ações calculadas
com penas matemáticas
o amanhã está no horizonte
de onde estou, só há o mar defronte...”

Absorto em cantigas apropriadas a sua idade e brincadeira, o menino só notou algo errado depois de ouvir o estrondo ensurdecedor da primeira explosão. Poucas ruas à frente, ele vê o Relógio da Torre de Orações se transformar em uma imensa nuvem de poeira. Fragmentos menores atingem o seu rosto. A fumaça o sufoca por alguns segundos. Caindo sentado, o pequeno prodígio levanta a cabeça e arregala os olhos com completo pavor. Em sua visão, milhares de balas de canhão em chamas serpenteiam pelo céu vespertino, disparadas pelo colossal navio que invadia a baía de formato de pinheiro natalino1. O assovio provocado pelos cometas flamejantes rasgando o espaço celeste enlouquecera a população da cidadela. Poucos realmente sabiam a direção que estavam correndo. As chamas criadas pelos projéteis não apagavam com água, mas sim acabavam por se alastrar ainda mais rápido. Com a lembrança do seu brinquedo, o garoto desperta do seu torpor e sai em disparada atrás dele. As pessoas enxameavam as ruas ensandecidas. Pisoteavam umas as outras, o senso de ajudar ao próximo por poucos era lembrado. Em resposta ao ataque, soldados brotavam do quartel como o fluxo de uma represa arrebentada. Dentre eles, poucos tentarão levar a ordem ao caos.

Todas as vezes que se aproximava de sua embarcação miniatura, alguém o atrapalhava. O garoto sequer cogitava a idéia de perdê-la. Era um presente de seu pai, o mais especial de todos. Resultava de um “ambicioso projeto náutico” desenhado pelo filho, porém interpretado e manufaturado com uma absurda riqueza de detalhes pelo progenitor. Ia muito além do que uma mera maquete ou modelismo. Ao final do trabalho artesanal, havia sido concebido como um protótipo. As tecnologias criadas pela dupla estavam prontas para serem usadas em se fossem construídas em escala maior. Entretanto, era evidente que alguns detalhes cruciais nessa ampliação só os dois sabiam. Uma delas, o Canhão de Extremo Alcance, apesar de mal-interpretada e de não ter o alcance e potência esperado pelo projeto roubado, está devastando a cidade neste momento.

Contudo, ao menino a única coisa que realmente importava eram as palavras “Nunca o perca ou deixe quebrar, senão seus sonhos não irão se concretizar. Aqui tem mais magia do que pode imaginar”. E com todas as suas forças, o menino agradecia a Deus ou ao Senhor deste mundo pelo barco ainda estar navegando pelo meio fio das vielas de cascalho asfaltado. Ao redor, colunas de fumaça e fogo disputavam cada centímetro do céu. As balas de canhões incendiárias pareciam inesgotáveis. Os estrondos de seus disparos aumentavam a cada instante. Diversas casas ruíam, soterrando quem estivesse por perto. Carruagens atropelavam os pedestres. Em dado momento, quando as esperanças da criança em alcançar o protótipo de madeira ainda inteiro sumia era demonstrada pelas lágrimas que corriam cada vez mais fartas pelo seu rosto pueril, um homem abaixa e garante a integridade do “brinquedo”. Ao reconhecer o salvador, o pequeno aproveita o embalo da corrida e se atira nos longos, protetores e conhecidos braços sem conter as lágrimas de medo. Com um olhar misturando repreensão, preocupação e carinho, o adulto fala enquanto permite o garoto afundar o rosto em seu peito:

- Filho, vá para casa agora! – O tom imperativo da voz revela um caráter militar - Sua mãe está desesperada. Ainda bem que avisou onde estava. Vá agora!!! - Com um abraço apertado seguido de um beijo na testa, o Capitão Drake enfatiza ao seu filho que é obrigação dele cuidar das mulheres e da pequena caravela que carrega.

- Mas pai... – Sussurra o garoto quase se afogando em lágrimas. Todos os presentes se protegem enquanto uma janela próxima explode, liberando vigorosas labaredas da casa em chamas. Enquanto levantava rapidamente, o capitão responde:

- Não perca tempo chorando e falando quando deveria estar agindo. Você é um Drake e nunca se esqueça disso. Entendeu? – Repreende o Capitão como faria com qualquer um de seus comandados. Sabia que seu filho era exatamente igual a ele mesmo, extremamente teimoso e honesto para com aqueles que ama. A última frase garante a obediência do garoto no mesmo momento em que este acena positivamente com a cabeça. O Capitão sabia que seu filho preferiria ter a alma dispersada pelo mundo onírico a permitir que tanto as mulheres quanto a caravela que defenderia sofressem alguma violência.

Sorridente, o Drake pai começa a vociferar ordens aos seus soldados e aos postos avançados que vem sofrendo baixas continuas. Ele sabe o motivo do ataque, e silenciosamente lamenta ao dar uma última olhada ao menino de botas marrons, calças verdes escuras surradas, camisa azul rasgada e com manchas pequenas de sangue. Seus olhos castanhos muito escuros combinavam com seu cabelo preto curto e sombracelhas afiladas. A forma como segurava o barco usando as duas mãos, bem como a postura e a posição das pernas seria a última imagem que guardaria de seu pequeno guerreiro. Nesse momento, um mico cujo pêlo marrom claro na cabeça, porém brancos ao redor dos globos oculares e no cavanhaque, escurecem à medida que avançam para a cauda. A sempre ajustada mochila as costas do símio garantia seu destaque e fácil reconhecimento perante as outras pessoas. Com um acenar da mão, o macaquinho salta de seu ombro e corre para as pernas do menino.

- Desculpe por tudo o que vai sofrer, meu filho... - Pensa pesaroso o Capitão Drake enquanto acena na que talvez fosse à última vez para seu filho, memorizando cada detalhe daquele instante - Só espero que entenda os meus motivos. Foi a única forma que encontrei de proteger você e o Senhor de nosso Mundo. Com sorte, nos reencontramos em algum momento no futuro.

Com o Sol se pondo atrás dos dois, por entre as inúmeras estradas e tendo as montanhas do horizonte como moldura, Capitão Drake avança com a sua tropa rumo ao causador de toda a destruição.



1 - Vou colocar uma referência em desenho mais tarde. Aviso aqui ou no fotolog ou no Out of the road.

4 Comentários:

Anonymous Anônimo argumentou:

Muito bom o texto, por sinal a letura está muito boa.

Me lembrei de um filme que vi quando criança, acho que era O Vento Levou (ou algo assim, nunca me lembro do filme só dessa cena) quando uma família fugia da guerra.

Só acho que tem que aumentar um pouco a quantidade de parágrafos, pois em alguns momentos embola, não pela organização das idéias em si mas porque em resoluções menores fica enorme o texto. =p

Abraços e continue usando esse espaço aqui... É sem sombras de dúvidas melhor que o atual fotolog (até onde tentei o macete morreu... eles perceberam a falha)!

12:47 AM  
Anonymous Anônimo argumentou:

Ah sim, coloca a referência aqui mesmo, senão espalha demais.

Ou coloca nos dois. =p

12:52 AM  
Anonymous Anônimo argumentou:

Tens uma inclinação a histórias fortes, senhor karsaeras?

Só não me faça chorar, por favor, espero que tenha um final feliz... ^^

Beijo

7:46 PM  
Blogger Nanda Muniz argumentou:

Haaaai adorei já tô apoixonada pela história e louca pra ler o resto

Não para não por favor :(

Eu godtei mesmo, e estou precisando dessas histórias pra minha vida !!!


"Nunca o perca ou deixe quebrar, senão seus sonhos não irão se concretizar. Aqui tem mais magia do que pode imaginar"

Perfeito

Bjks

9:24 PM  

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