Piratas - Capítulo 004 – Invasores de Alma - Parte 1
“A morte é apenas mais um porto
aos que navegam em um infinito azul.
É o momento que para um morto
a bússola aponta para o Sul ”
(Trecho extraído de “O Outro Lado”, de Vicentino Malta Gers. O senhor V.M. Gers é um escritor renomado e bastante popular sobre contos poéticos de temática fúnebre no Mundo dos Sonhos).
Por um fugaz momento acreditou-se que os ataques haviam finalmente cessado, pois um silêncio sepulcral pairava denso sobre o porto. Nada além de um suave e contínuo assovio era capturado pelos ouvidos do Capitão Drake. Absolutamente tudo, inclusive o seu fôlego, foram postos em segundo plano frente ao gigantesco pesadelo que flutuava solene como uma sombra do Mal eclipsando o Sol e negando Luz e calor aos que estavam na costa, enquanto finalizava sua manobra de aproximação. Devido as suas dimensões descomunais, esse destróier do tamanho de uma pequena refinaria, com incontáveis deques
Ao olhar diretamente a proa do Tirano de Almas, o Capitão Drake desperta do torpor que se encontrava ao cruzar o olhar com um homem de chapéu e capa. Mesmo sem ambos nunca terem se visto anteriormente, os dois sabiam quem possuía a voz de comando de suas tropas. Intuitivamente, ele sabia que aquele era o lendário e temido Comandante Araioses. Este, com um único sorriso, revelava o que ia em sua mente e resumia toda a situação.
“Tente defender-se”, “Torne este ambiente mais interessante”, “Lute. Lute até o seu último minuto como um rato encurralado”.
E com brilho que oscilava do vermelho ao amarelo surgia de um rosto oculto pelas sombras.
- Mafra, Jaru! – Gritava Drake ao desembainhar a sua espada para reluzir a pouca luz que não fora bloqueada pela nau invasora. Ao ver a atenção de seus homens sobre si, continuou - Preparem a bateria para o ataque aéreo que virá. AGORA!!! – E os dois partem rapidamente para um grupo de galpões semi destruídos, próximo a onde existia o Relógio da Torre de Orações. A correria deles acaba por acordar boa parte das tropas entregues ao medo para o seu dever.
- Icatu, Timon, Duprat, Gaspari – Os quatro subcomandantes atentaram-se as palavras do superior após desviarem lenta e simultaneamente a cabeça do pesadelo náutico. - Organizem suas colunas defensivas conforme ordenei. Vocês ficarão no flanco direito. Movam-se agora, porra!
Demonstrando uma fibra inabalável frente à derrota certa, bem como o seu histórico da incrível capacidade de sair-se vitorioso de batalhas perdidas, os seus comandados tinham uma confiança, respeito e lealdade cegas a ele ao senso de comando. Tornara-se mais que um superior, transformou-se em uma referência e um exemplo a todos, a ponto de ser reconhecido até pelo Senhor do Mundo dos Sonhos. E isto era vislumbrado nesse exato instante, quando eles o viam brandindo sua espada acima da cabeça, refletindo o Sol em seus olhos, captando sua atenção e fazendo as suas ordens chegar fundo na mente de cada um. Individualmente, eram removidos do choque, sendo relembrados de precisavam garantir tempo para que a população saísse do Balneário Pinheiro natalino.
Bradando com ferocidade, o Capitão Drake mantinha o tom de voz enérgico; Agora, quatro coluna de soldados seguiam para a defesa do flanco esquerdo. O resto se manteria com ele.
Da proa do Tirano de Almas, o imediato Torik aguardava instruções. Com sua compleição bruta, o rosto quadrado, queixo largo, orelhas deformadas, dentes cinzas, tortos e pontiagudos. O tronco era largo tal qual suas pernas e braços. Os seus olhos tinham um estranho desenho, repuxados para cima no lado mais externo rumo as têmporas avantajadas. Porém se estreitavam conforme seguia rumo ao nariz largo e achatado. A íris em formato de cruz com a cor laranja contrastava violentamente com o globo ocular negro. O seu senhor e superior, de porte físico bem menos avantajado que o seu, encontrava-se diante de si.
Com um pouco de observação já bastaria para entender o pavor que tanto Torik quanto toda a tripulação sentia pelo comandante Araioses, pois a cada movimento dele revelava um negrume permanente ao seu redor. Uma aura palpável de maldade. Suas capas esvoaçantes davam a ilusão de asas do mal. Ao caminhar, emitia um rastro de desespero e um ranço de agonia interminável. Nada continuava vivo por muito tempo após a sua passagem. O ar se tornava irrespirável. A água virava ácido sulfúrico concentrado. Vegetais transformavam-se em poeira, que carreados pelo vento sufocante, penetravam nos poros da pele tanto quanto adensavam ainda mais o ar após a sua passagem. Não portava arma nenhuma. Jamais elevava a voz, bem com não temia um motim ou qualquer tentativa de insubordinação. Ainda assim, raramente desembarcava, simplesmente por não haver necessidade graças à eficiência de Torik em cumprir as suas ordens. Mas hoje ele estava encantado com este balneário. Finalmente, após uma longa procura, Araioses sente a proximidade de seu objetivo. Tão perto que podia se dar ao luxo de uma pequena diversão como há tempos na tinha. De pé, com o corpo oculto sob sua longa e bela capa negra, a qual refulgia o Sol em seu crepúsculo agonizante, fala com uma voz suave e tranqüila, porém sem ocultar o timbre mortal:
- Torik, corrija-me caso eu esteja enganado, mas aquele com a espada não é o famoso Capitão William Drake? – Torik cuidadosamente se aproxima e coma cabeça, confirma a informação. Sob a sombra de seu chapéu de abas largas, Araioses observa com o canto dos olhos seu subordinado.
- Torik, quando irá me corrigir?
- Quando o senhor estiver errado, senhor.
- Teremos alguma tentativa de resistência hoje. - Continua o comandante, agora sorridente e satisfeito com a resposta que obteve. É uma diversão particular ver como seu feio comandado se sai em situações tolas, mas que exigem uma perspicácia inteligente e respeitosa nas respostas.
– Cesse as gárgulas. Quando o Sol sumir, desembarcaremos. Vamos no exercitar um pouco com a soldadesca. O Capitão Drake se manterá intacto. – Mantendo o sorriso inquietante, prossegue - Ele merece algo mais refinado. Digno de sua história e conquistas.
Girando sob os calcanhares, o comandante do Tirano de Almas se dirige a sua cabine a fim de se preparar para ir a terra. Quando a última gárgula adaptada ao canhão de extremo alcance termina de lançar seu projétil flamejante, ainda de costas e com os olhos suavemente apertados ao mirar Torik sobre o ombro direito, agora mais do que nunca se assemelha a um Anjo Negro, Araioses ordena:
- Libere os Invasores de Alma. Eu não quero que ninguém dessa cidadela escape! - E com um ímpeto na voz pouco usual que fez sua própria tripulação estremecer de medo, conclui - Ninguém.
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Parte 2 desse capítulo neste final de semana, com absoluta certeza. Afinal, como será morrer no Mundo dos Sonhos?
aos que navegam em um infinito azul.
É o momento que para um morto
a bússola aponta para o Sul ”
(Trecho extraído de “O Outro Lado”, de Vicentino Malta Gers. O senhor V.M. Gers é um escritor renomado e bastante popular sobre contos poéticos de temática fúnebre no Mundo dos Sonhos).
Por um fugaz momento acreditou-se que os ataques haviam finalmente cessado, pois um silêncio sepulcral pairava denso sobre o porto. Nada além de um suave e contínuo assovio era capturado pelos ouvidos do Capitão Drake. Absolutamente tudo, inclusive o seu fôlego, foram postos em segundo plano frente ao gigantesco pesadelo que flutuava solene como uma sombra do Mal eclipsando o Sol e negando Luz e calor aos que estavam na costa, enquanto finalizava sua manobra de aproximação. Devido as suas dimensões descomunais, esse destróier do tamanho de uma pequena refinaria, com incontáveis deques
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de altura, estava parado distante da costa e ao mesmo tempo dar a impressão de que estava atracado no porto.Ao olhar diretamente a proa do Tirano de Almas, o Capitão Drake desperta do torpor que se encontrava ao cruzar o olhar com um homem de chapéu e capa. Mesmo sem ambos nunca terem se visto anteriormente, os dois sabiam quem possuía a voz de comando de suas tropas. Intuitivamente, ele sabia que aquele era o lendário e temido Comandante Araioses. Este, com um único sorriso, revelava o que ia em sua mente e resumia toda a situação.
“Tente defender-se”, “Torne este ambiente mais interessante”, “Lute. Lute até o seu último minuto como um rato encurralado”.
E com brilho que oscilava do vermelho ao amarelo surgia de um rosto oculto pelas sombras.
- Mafra, Jaru! – Gritava Drake ao desembainhar a sua espada para reluzir a pouca luz que não fora bloqueada pela nau invasora. Ao ver a atenção de seus homens sobre si, continuou - Preparem a bateria para o ataque aéreo que virá. AGORA!!! – E os dois partem rapidamente para um grupo de galpões semi destruídos, próximo a onde existia o Relógio da Torre de Orações. A correria deles acaba por acordar boa parte das tropas entregues ao medo para o seu dever.
- Icatu, Timon, Duprat, Gaspari – Os quatro subcomandantes atentaram-se as palavras do superior após desviarem lenta e simultaneamente a cabeça do pesadelo náutico. - Organizem suas colunas defensivas conforme ordenei. Vocês ficarão no flanco direito. Movam-se agora, porra!
Demonstrando uma fibra inabalável frente à derrota certa, bem como o seu histórico da incrível capacidade de sair-se vitorioso de batalhas perdidas, os seus comandados tinham uma confiança, respeito e lealdade cegas a ele ao senso de comando. Tornara-se mais que um superior, transformou-se em uma referência e um exemplo a todos, a ponto de ser reconhecido até pelo Senhor do Mundo dos Sonhos. E isto era vislumbrado nesse exato instante, quando eles o viam brandindo sua espada acima da cabeça, refletindo o Sol em seus olhos, captando sua atenção e fazendo as suas ordens chegar fundo na mente de cada um. Individualmente, eram removidos do choque, sendo relembrados de precisavam garantir tempo para que a população saísse do Balneário Pinheiro natalino.
Bradando com ferocidade, o Capitão Drake mantinha o tom de voz enérgico; Agora, quatro coluna de soldados seguiam para a defesa do flanco esquerdo. O resto se manteria com ele.
Da proa do Tirano de Almas, o imediato Torik aguardava instruções. Com sua compleição bruta, o rosto quadrado, queixo largo, orelhas deformadas, dentes cinzas, tortos e pontiagudos. O tronco era largo tal qual suas pernas e braços. Os seus olhos tinham um estranho desenho, repuxados para cima no lado mais externo rumo as têmporas avantajadas. Porém se estreitavam conforme seguia rumo ao nariz largo e achatado. A íris em formato de cruz com a cor laranja contrastava violentamente com o globo ocular negro. O seu senhor e superior, de porte físico bem menos avantajado que o seu, encontrava-se diante de si.
Com um pouco de observação já bastaria para entender o pavor que tanto Torik quanto toda a tripulação sentia pelo comandante Araioses, pois a cada movimento dele revelava um negrume permanente ao seu redor. Uma aura palpável de maldade. Suas capas esvoaçantes davam a ilusão de asas do mal. Ao caminhar, emitia um rastro de desespero e um ranço de agonia interminável. Nada continuava vivo por muito tempo após a sua passagem. O ar se tornava irrespirável. A água virava ácido sulfúrico concentrado. Vegetais transformavam-se em poeira, que carreados pelo vento sufocante, penetravam nos poros da pele tanto quanto adensavam ainda mais o ar após a sua passagem. Não portava arma nenhuma. Jamais elevava a voz, bem com não temia um motim ou qualquer tentativa de insubordinação. Ainda assim, raramente desembarcava, simplesmente por não haver necessidade graças à eficiência de Torik em cumprir as suas ordens. Mas hoje ele estava encantado com este balneário. Finalmente, após uma longa procura, Araioses sente a proximidade de seu objetivo. Tão perto que podia se dar ao luxo de uma pequena diversão como há tempos na tinha. De pé, com o corpo oculto sob sua longa e bela capa negra, a qual refulgia o Sol em seu crepúsculo agonizante, fala com uma voz suave e tranqüila, porém sem ocultar o timbre mortal:
- Torik, corrija-me caso eu esteja enganado, mas aquele com a espada não é o famoso Capitão William Drake? – Torik cuidadosamente se aproxima e coma cabeça, confirma a informação. Sob a sombra de seu chapéu de abas largas, Araioses observa com o canto dos olhos seu subordinado.
- Torik, quando irá me corrigir?
- Quando o senhor estiver errado, senhor.
- Teremos alguma tentativa de resistência hoje. - Continua o comandante, agora sorridente e satisfeito com a resposta que obteve. É uma diversão particular ver como seu feio comandado se sai em situações tolas, mas que exigem uma perspicácia inteligente e respeitosa nas respostas.
– Cesse as gárgulas. Quando o Sol sumir, desembarcaremos. Vamos no exercitar um pouco com a soldadesca. O Capitão Drake se manterá intacto. – Mantendo o sorriso inquietante, prossegue - Ele merece algo mais refinado. Digno de sua história e conquistas.
Girando sob os calcanhares, o comandante do Tirano de Almas se dirige a sua cabine a fim de se preparar para ir a terra. Quando a última gárgula adaptada ao canhão de extremo alcance termina de lançar seu projétil flamejante, ainda de costas e com os olhos suavemente apertados ao mirar Torik sobre o ombro direito, agora mais do que nunca se assemelha a um Anjo Negro, Araioses ordena:
- Libere os Invasores de Alma. Eu não quero que ninguém dessa cidadela escape! - E com um ímpeto na voz pouco usual que fez sua própria tripulação estremecer de medo, conclui - Ninguém.
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Parte 2 desse capítulo neste final de semana, com absoluta certeza. Afinal, como será morrer no Mundo dos Sonhos?
Marcadores: Alma, Araioses, Invasores, Tirano de Almas, Torik
3 Comentários:
Foda.
Pena que curto =p
Queria ver sangue! \o/
E mortes, claro... Adoro vilões =p
Atualiza! \o/
Haa agora eu quero ler o resto !!!
Dá pra ser ?!?! Rsrsrs
Tá muuiro show
Até eu estremeci de medo Araioses
e tb gostei dessa frase:
Tente defender-se”, “Torne este ambiente maisinteressante”,
“Lute. Lute até o seu último minuto como um rato encurralado”.
Haaa é isso moço
Bjks
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