O Autor:
Avatar dinâmico em testes

Nome: Francis Karsaeras
Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, BR
Idade: 25 Anos
Características: Inexplicavelmente, passa sufoco quando chove e em testes psicotécnicos, sem causa aparente.
Signo: Gêmeos, mas faz diferença?
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Expandir || Contrair

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sábado, julho 07, 2007

Piratas - Capítulo 004 - Invasores de Alma - Parte 2

Momentos antes a ordem do Comandante Araioses, Mafra e Jaru corriam loucamentente buscando alcançar os galpões ao lado dos escombros do Relógio da Torre de Orações de onde a fumaça ainda saia com fartura. Mafra Texemond, ou Tex Mafra, era um rapaz por volta de seus vinte e dois anos, de corpo franzino mas com uma incrível disposição física. A pele clara, banhada pelo suor enquanto via seu companheiro ganhando distância, contrasta violentamente não só com seus cabelos curtos, olhos miúdos, sombracelhas afiladas, sempre na cor preta, mas com o azul escuro de seu uniforme. A cadência de sua corrida, por mais veloz que possa ser, só o faz ouvir do gigante negro Jaru comentários espirituosos:
- Vamos moleque fuleiro, soltas as pregas e começa a correr como homem. Bora frangote, ou vou ter que te chicotear para ir mais rápido? O Capitão Drake -depende da gente, porra! – Brada o corpulento a aproximadamente trinta metros a frente. Mas em momento algum Tex Mafra se sente constrangido ou enraivecido com Jarualdo Morgado. O jovem conhece bem o jeito bruto, brincalhão e, sem dúvida, único. Tão especial quanto o estrago causado por seus punhos, conseqüência do popular ataque ambidestro “Golpe do Lobo Furioso”. A imagem de um rosto completamente desfigurado ainda vem a mente quando um imbecil se atreveu a chamar o seu amigo pelo nome de nascença. Até hoje, somente duas pessoas o chamam assim. Ambas têm o sobrenome Drake.
- Eu só estou te dando uma vantagem, Jaru. Imagina que feio ia ficar se eu chegasse antes? - Responde ofegante Mafra, sem esconder que deu o máximo de si na corrida.
- Tá bom moleque fuleiro. Quer uma toalha para secar o suor? Eu não vou precisar mesmo - Replica Jaru, completamente seco e sequer ofegante, ao passo que entra no primeiro galpão.
- Um dia chego ao teu nível!
- Vai chegar se escaparmos dessa. - Acenando com a mãos, os soldados que os aguardavam ali os conduzem a uma escada rumo ao subterrâneo. Logo ao descerem o primeiro lance, deparam-se com uma vasta bateria de metralhadoras anti-aereas. Assombrado, o queixo de Mafra se permite cair. Nunca em sua curta existência havia visto uma Shercy S600 R04, quanto mais a quantidade inacreditável como aquela. O galpão, antes gigantesco, parecia realmente minúsculo agora. Vendo o espanto do garoto enquanto atravessavam transversalmente o galpão, o negro acha que uma exxplicação não seria errado, mas algo lhe diz que será desnecessário:
- Moleque, tu conhece as Shercys, não conhece?
- Sim. A linha Shercy é composta por metralhadoras de grosso calibre, geralmente colocadas em pares nos postos avançados de modo a dar o primeiro combate a qualquer atividade em locais suspeitos de serem Pontos Obscuros. - Fala como se tivesse decorado a frase sem sequer respirar. - Os projéteis dela são admiráveis, um espetáculo a parte. Não-capsulados, o corpo não se separa da zona penetrante já que não explode. As micro ranhuras desenhadas em sua lateral garante uma trajetória fidedigna com a mira. - Com um brilho no olhar que chegava a ser obsceno, continua. - A Ynos, criadora e montadora da série Shercy, foi espetacular, para não dizer genial, ao usar um acelerador gravitacional pra propelir os projéteis. A alimentação é feita de modo contínuo pelo centro do tambor circular que pode ser posicionado de acordo com a conveniência do atirador. Esse tambor tem a sua gravidade interna aumentada o projétil percorre realizando a desgravitação em espiral e depois, em altíssima velocidade, é disparado por canos que giram continuamente pelo eixo axial, causando um movimento centrípeto enquanto a força centrífuga do projétil gerada pelo movimento deveria desacelerá-lo…

Sem notar que estava ganhando público, Tex Mafra continua a explicar em detalhes. Sorridente com o seu protegido, Jaru o deixa se deslumbrar mais um pouco antes de contar-lhe uma novidade, mesmo com o receio de que o jovem tenha um ataque cardíaco em conseqüência da notícia.
- … mas isso não ocorre graças ao cilindro de ar formado na parte interna do cano e do baixíssimo tempo de residência. Em resumo, um disparo sem atrito. É lindo.
- Beleza Mafrapedia, agora deixa essa cueca melada longe de mim e você errou de modo boçal numa coisa.
- NO QUÊ??? – O sorriso da maldade de alguém mais experiente surge no rosto de Jaru.
- Essa não é a R04. Olha quantos canos de disparo essa aí toda babada ao teu lado tem? - Tex Mafra observa e o seu queixo cai ainda mais.
- Hein! Oito! Como assim?
- Nem assim nem assado. Eis um galpão de R08. Sendo que temos mais quatro galpões deste lado da cidade, mais cinco junto a prefeitura no centro e outros cinco do outro lado do balneário. Bom, não sei o numero certo, mas é tiro para caralho.
- Então temos esperança de sobreviver!
- Não. Nossas chances são ínfimas. Esqueceu moleque, é o Tirano de Almas que está lá na baía. Tudo o que temos que fazer é dar tempo a população escapar… – Espalmando a mão diante do garoto, Jaru pede tempo para ouvir o comunicador. Em seguida, aos gritos, a transmite ao encarregado mais próximo. Do lado de fora, os telhados dos galpões começam a se deslocar lateralmente assim que as gárgulas cessam o ataque. Quando as paredes se livram do peso que sustentavam, elas desabam sob o lado externo, expondo o segredo guardado em seu interior.

Ao notar o Mafra cabisbaixo no meio da correria para assumir posições nas Shercys, que agora surgiam do solo trazidas por um colossal elevador, Jaru dá um tapa no ombro do jovem.
- Moleque, quem foi teu professor de tiro com armamento pesado na academia?
- Onis Mazini.
- Careca gente fina. Ele deve ter mencionado sobre o legendário “Vai Otário”, não falou?
- Falou, mas disse que a gente ia descobrir em ação. O que de fato é isso? - Pergunta enquanto se senta na Shercy apontada por Jaru. Lutarão um ao lado do outro. Antes de fechar a cápsula-escudo, o globo de proteção transparente usado para minimizar danos ao atirador, o negro responde:
- Pega nos gatilhos e olha pela mira. Quando o tiro começar a comer desenfreado, com a tua visão poluída de bicho de tudo quanto é tipo, tu não vai saber porque tá gritando, não vai saber do que, como ou qual razão tá sentado aí dentro. Tu só vai atirar, atirar e atirar. Mas depois, se houver um depois, a única coisa que vai lembrar de prestar atenção é nas palavras “Vai otário, entra na minha mira!!!”. A princípio incrédulo, o garoto desata a rir. Jaru fecha a cápsula-escudo dele pensando que agora, ao menos, conseguiu atrasar a chegada da Carruagem Negra para o garoto. Cada segundo, cada disparo bem sucedido, qualquer instante a mais de tranqüilidade é a diferença de quem continua atirando para quem virou estatística.

Após sentar-se em sua metralhadora, o veterano recebe informes de que estão todos a postos. Pela freqüência privada, transmite as notícias ao Capitão Drake.
- Excelente Jarualdo, estamos todos prontos então. Acredito que Araioses lançará os Invasores de Alma quando o Sol se pôr. Não há registros deles atuando com forte luminosidade.
- Mas os registros não são muito confiáveis, Capitão.
- Sei disso, mas trabalho com o que tenho. E o que temos agora são dez minutos.
- Capitão?
- Fale.
- O senhor sabe o que Araioses está buscando…
- Sim.
- … e acredita que vai conseguir evitar?
- Sim. É para isso que estamos aqui, não é?
- William, sinceramente.
- Meu amigo, o que irá acontecer de agora em diante não está mais em nossas mãos. Ambos sabemos a razão de Araioses ter vindo a nossa cidade natal. Nós vimos o que ele faz com as pessoas. Conhecemos de onde o Tirano de Almas adquire toda sua força. Não fomos capazes de acabar com ele antes, quando lutamos junto com Gaudir e Maywald. Perdemos nossa chance, mas montamos toda uma esperança…
- Uma esperança que talvez não vejamos concretizada.
- Desejava que fosse diferente?
- De modo algum William! Guerreamos juntosm, morremos juntos!
- Então separe um lugar para mim na Carruagem Negra, já que é para morrer…
- … então morremos de pé! - Completa Jaru com uma determinação correndo nas veias como só havia sentido quando lutou ao lado de Maywald, Gaudir e Drake na destruição do estaleiro onde o Tirano de Almas fora construído. Ele acreditava que aquela havia sido a batalha da sua vida. Um assalto suicida ao mais forte Ponto Obscuro da época. “Como é bom estar errado”, pensa ao aferrar-se aos gatilhos de sua R08. em sua mente, ele imagina como deve ser grandiosa a visão de milhares de ovos transparentes com oito espetos saindo da casca de cada um deles. Mas assim que atinge a superfície e o elevador começa a criar diferentes níveis, tal qual uma pirâmide asteca, tanto Jaru quanto Mafra se entreolham ao ver a noite e seu negro manto rapidamente salpicar o céu de estrelas, enquanto ouvem o triste cântico da brisa noturna passando por eles rapidamente. Ao longe, o Sol se debate debilmente, gerando uma aura agourenta no Tirano de Almas, que com um ensurdecedor silvo agudo, seguido do som tonitruante de tambores tribais, as milhares de pequenas silhuetas sombrias são lançadas sobre o fundo laranja descrevem o réquiem do Balneário Pinheiro Natalino.

Uma vez libertos eles virão.
Mães e filhos se esconderão,
mas da colheita maldita não fugirão.
Os vivos a essência perderão
E deste mundo não partirão.
Presos a eterna servidão
condenados sem julgamento
servirão de alimento
alongando o próprio tormento.

(Vicentino Malta Gers, extraído de “Ceifadores da Essência”)

Pouco antes de entrar em sua cabine, o estrondo das paredes dos galpões desabando fazem com que o Araioses mude de idéia. Maravilhado, ele detém a visão sobre a costa a sua frente e acompanha o surgimento ao longo de toda a cidade das pirâmides com a bateria anti-aérea. “Finalmente, uma resistência adequada”, fala o Comandante. “Eu não poderia esperar menos do Capitão Drake”. Fingindo estar intrigado, ele aponta na direção de uma das pirâmides e fala:
- Torik, você reconhece?
- São as Shercys S600, senhor. – Já esperando a próxima pergunta, rapidamente conta o número de canos.
- Série Erre – Zero – Oito… - Completa Araioses.
- Sim, senhor.
- Não sabia da existência dessa série.
- Nem eu senhor.
- Pois bem Torik. Realmente nossos atuais espiões deixaram a desejar. Não me simpatiza a idéia de que continuem a nos servir. Sabe como proceder? – Exibindo o seu sorriso inquietante, sua aura maligna parece adensar enquanto seus olhos acendem, assumindo uma coloração suavemente amarelada.
- Sim, senhor.
- Torik, a hora chegou. Não deixemos mais o venerável e honrado Capitão William Drake esperando. Seria deselegante e até um insulto de nossa parte. - Com um gesto simples com a mão direita, confirma a ordem. – Os Invasores de Alma.

1 Comentários:

Blogger Climão Tahiti argumentou:

E agora serão longos meses até a continuação...

=p

E ainda espero a grande luta do Drake contra o Araioses.

1:28 AM  

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